Decisões que transformam o Fluxo de Caixa da empresa
Em uma indústria de quadros elétricos, Vera, a gerente financeira, presenciava de mãos atadas os excessos e as decisões irresponsáveis da diretoria. Consequentemente, isso comprometia diretamente o Fluxo de Caixa da empresa.
O caminho da quebra da empresa
Durante oito anos ela tentou alertar seus superiores sobre a crise que havia se instalado. Mas as soluções que apresentava eram sempre rejeitadas, pois a diretoria usava seu poder hierárquico para optar apenas pelo que lhe era mais conveniente.
Compras à vista e vendas a prazo
A maioria das decisões comerciais era tomada independentemente das possibilidades financeiras da empresa.
Era muito comum, por exemplo, a indústria atender às exigências do fornecedor e comprar à vista, ficando sem dinheiro para pagar as contas. Da mesma forma era comum facilitar as condições de pagamento para o cliente, vendendo a prazo, apesar da empresa estar com pouco dinheiro em caixa.
Desperdício de matéria-prima
Também havia muito desperdício de matéria-prima por ineficiência de maquinário ou negligência técnica.
Quase sempre que uma máquina apresentava algum defeito, continuava sendo utilizada, mesmo que prejudicasse a produção. Quando parava de funcionar virava sucata, sem ao menos ser verificada a possibilidade de conserto. Em vez disso, investiam em financiamento de novo maquinário, gerando um custo desnecessário e diminuindo a liquidez da empresa.
Mistura de pessoa física com jurídica
As retiradas de dinheiro dos sócios, além do pró-labore, incluindo o pagamento de cartões de crédito, financiamento de veículos e apartamentos, eram outra preocupação de Vera. Porque desestruturavam completamente o setor financeiro da empresa.
Os sócios, porém, não pensavam nas conseqüências dessas retiradas, pois acreditavam que não afetariam o resultado da empresa.
O susto com a realidade
A fábrica perdeu dinheiro pouco a pouco, enquanto a diretoria se mantinha alheia à sua realidade financeira. Até que a dívida ficou maior do que o resultado operacional e os superiores de Vera não tiveram mais como ignorar a necessidade de mudanças.
Após analisar adequadamente a situação, os sócios perceberam que se continuassem mantendo as mesmas práticas de sempre, perderiam o negócio em pouco tempo.
As decisões de mudança
Então concordaram em reorganizar as finanças, fazer um planejamento das medidas que deveriam ser adotadas e respeitar os limites pré-estabelecidos para as negociações.
A partir daí, tomaram as seguintes medidas:
- os prazos de pagamento e recebimento das compras e vendas passaram a ser definidos conforme o Fluxo de Caixa da empresa;
- foram estabelecidos novos critérios para as negociações seguintes;
- foi avaliada a rotatividade de produtos no estoque para manter somente a quantidade que seria utilizada;
- reajustaram os preços que estavam desatualizados no sistema (a margem de lucratividade já não era mais confiável).
Essas mudanças contribuíram para aumentar o capital de giro e diminuir a dívida da empresa.
Posteriormente foi também verificada a possibilidade de conserto das máquinas que estavam com defeito ou inoperantes. O que diminuiu consideravelmente o desperdício de matéria-prima e os gastos com maquinário novo.
Além disso, foi criado um programa de treinamento e incentivo para valorizar o pessoal e aumentar a produtividade.
A transformação
Após alguns meses, a pequena indústria de quadros elétricos estava completamente mudada:
- o Fluxo de Caixa da empresa estava sendo controlado adequadamente;
- havia aumentado a possibilidade de fazer investimentos sem comprometer as finanças da empresa;
- os funcionários produziam mais;
- os clientes demonstravam maior satisfação.
As ações implantadas foram imprescindíveis para as melhorias na fábrica. Mas o que realmente fez a diferença nessa nova fase foi a decisão da diretoria em substituir os exageros e as atitudes impensadas pelo planejamento e trabalho constante. Pois esse é o único caminho para transformar uma empresa financeiramente comprometida em um negócio saudável e bem-sucedido!